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segunda-feira, 4 de julho de 2011

HOY

hoje sou vento
e te vasculho, te desfolho;
tens o gosto agreste da terra
do barro e da madeira verde e
misturados ao relento
como sortilégios viajantes
pois és confluência DE FOGO e despojamento,
fórmula volátil de fomento,
mestra das chamas vacilantes
e enquanto preparas a tua anunciação
tudo espera o teu encantamento,
nada começa sem o condão
dos teus olhos calcinantes.

hoje sou luz
e te ilumino;
sou o próprio princípio masculino
e te fecundo
num segundo de ilusão
a boca salobra
com um canto prenhe de perdição;
tomo-te os olhos emprestados
para ver o mundo,
dou-te beijos sem faces
envolvidos nas sombras desta sofreguidão;
sou o teu Cristo
e as últimas horas da sua paixão.

hoje sou terra
e te acolho;
abro-te sendas ilimitadas,
sou a dor que deixas nos teus rastros
sou mais que as promessas das alvoradas
esquecidas no pranto dos astros.
Hoje sou homem, sou o olhar da gana,
a pele do teu primeiro desejo
na fúria de uma noite sevillana;
sou o lúcido torpor de um beijo,
o vinho da tua última ceia
a imprevisibilidade da cigana
e o sabor de suas teias...

hoje sou o DEUS e a crença,
o tangível e o que não se vê,
a cura e a doença,
pois vivo...e tenho você

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