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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nesta noite carente de paixão

Agora que o vinho te subiu
e de súbito a razão te fugiu,
que não temos mais o chão
ou melhor,
que o chão é o céu de estrelas ácidas
e distantes como o resto da cidade,
eu quero te dizer que venho detestando a humanidade,
que venho odiando a claridade
que não desenhamos sobre as nossas bocas
e todas as músicas loucas que não falam de nós...
também odeio as horas, os relógios
e quaisquer matemáticos instrumentos
que mensurem qualquer coisa que não seja o nosso amor...
Odeio que não haja uma tintura de cabelo com o seu nome,
nem um perfume com o teu cheiro...

Agora que não precisamos mais razão,
eu quero te dizer que só a poesia te deveria ser dita,
mas existe essa necessidade maldita
de ter veracidade
para a qual tenho muita capacidade,
mas pouquíssima vocação...
aliás, se não há razão
deixa-me inventar-nos mesmo um passado novo,
nem melhor, nem pior, nem fabuloso,
mas novo, sem nada que não seja incrivelmente delicioso
e que tenha sempre nossas vidas unidas
no mesmo idioma, na mesma embriaguez e vuivez de solidão
nesta noite carente de paixão...

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