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sábado, 22 de outubro de 2011

OLHOS DE ENSEADA

Ajoelhado em meu espírito arrependido
eu repetia obsessivamente
as fórmulas da tua criação,
e quanto mais eu te procurava
nas fugas daquele amor incandescido,
tanto mais me trazias
o berço das tuas desistências,
dissimuladas todas
em descargas mistificadas
das tuas consequências.

Hoje nada é tão forte
quanto esta irrefreável
vontade de te dizer
que aquela ideal desilusão
que minhas mãos te entregaram
sem querer
esvaíra-se na poluta
dissolução do meu prazer

Eu sei que ainda não
os teus vítreos olhos de enseada
capazes de ler
todos os demônios
perdidos em nossas estradas,
mas eles sempre puderam ver
que Deus está em você,
mesmo quando vem a noite profunda
e te transformas numa fúria fecunda
sem perceber...
De todos os inumeráveis motivos
que eu tinha para te adorar
só um foi capaz de me fazer te esperar:
jamais estiveste sozinha
nas milhares de mulheres que ousavas afogar
em meus braços talhados
apenas para te amar...

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